Curling brasileiro é rebaixado e tem choque de realidade no Pan Continental

Curling brasileiro masculino durante disputa do Pan Continental, no Canadá
Equipe masculina do curling brasileiro tenta jogada no Pan Continental (Steve Seixeiro/WCF)

A missão de se manter na elite já seria muito difícil. Ainda assim, o curling brasileiro teve um choque de realidade na primeira edição do Pan Continental da modalidade. O país foi rebaixado tanto entre os homens quanto entre as mulheres na competição realizada em Calgary, no Canadá, entre 31 de outubro e 6 de novembro de 2022. 

As equipes do Brasil terminaram na última colocação da Divisão A e se despediram sem conquistar vitória no evento. Ao todo, foram sete derrotas na categoria masculina e oito na feminina. Nessa última categoria, a seleção de Hong Kong, com um triunfo e sete derrotas, também foi rebaixada para a segunda divisão em 2023.

Desde o início, o principal objetivo dos brasileiros no Pan Continental era identificar o nível do país perante outra seleções. Até então, o país disputava apenas o America's Challenge contra Estados Unidos ou Canadá, duas das principais potências do esporte. Ter um evento com mais participantes sempre foi um desejo antigo dos atletas. 

Agora, o curling brasileiro tem importantes para assimilar e, claro, melhorar nos próximos anos. No próximo ano, com o provável retorno da China na Divisão B (o país não disputou o Pan Continental nesta temporada), dificilmente conseguirá o acesso. Ou seja, serão pelo menos dois anos fora da elite para pôr em prática um projeto de longo prazo. 

Essa estratégia passa justamente pela consolidação da Arena Ice Brasil, em São Paulo, não apenas como centro de entretenimento, mas também de formação de jovens atletas na modalidade. Uma delas já esteve presente na competição deste ano: Giullia Rodriguez, que se destacou nos eventos ao longo do ano, foi alternate da equipe feminina em Calgary. 

Quais lições o Curling brasileiro pode tirar do Pan Continental? 

Bom, se o objetivo era ver em qual nível o país estava perante outras equipes, o primeiro passo é reconhecer que, hoje, somos um time da Divisão B no Pan Continental de Curling. Isso implica dizer que está atrás, evidentemente, de potências como Canadá e Estados Unidos, de nações consolidadas como Japão e Coreia do Sul, e da maioria das seleções da Ásia e Oceania. 

Paralelo a isso, o curling brasileiro ainda precisa melhorar alguns pontos cruciais, como: 

  • Regularidade: as equipes do Brasil conseguem fazer bons ends em todos os jogos, mas ainda falta regularidade. Não adianta fazer três ends bons e cinco ruins. Para vencer partidas, é necessário ser regular em grande parte do tempo.
  • Rejuvenescimento: a partir de agora, é necessário trazer novos nomes para a equipe nacional. Os principais jogadores brasileiros são os mesmos que já se destacavam há oito, dez anos. Quando se tem mais jovens, fica mais fácil formar a "massa crítica" necessária para crescer. 
  • Mais calendário: não é fácil, o dinheiro é curto, mas os brasileiros precisam jogar mais eventos de ponta, como torneios do World Curling Tour. Quanto mais partidas fizerem, mais se acostumam com os "pequenos detalhes" que fazem a diferença no placar.

Equipe feminina do Curling brasileiro durante disputa do Pan Continental
Equipe feminina do curling brasileiro varre o gelo para executar jogada no Pan Continental (Steve Seixeiro/WCF)

Qual foi a campanha do Curling brasileiro?

O Curling brasileiro encerra a participação no Pan Continental sem conquistar vitória. O placar mais apertado foi justamente na estreia do time feminino, com derrota de 8x7 para a Austrália literalmente na última pedra do jogo. Entretanto, é importante reconhecer as boas atuações das mulheres contra o Japão e do time masculino contra o Canadá, curiosamente os campeões da primeira edição. Confira:

Disputa masculina

31/10 - Brasil 3 x 9 Taiwan
01/11 - Brasil 1 x 7 Canadá
02/11 - Brasil 3 x 13 Nova Zelândia
02/11 - Brasil 2 x 10 Austrália
03/11 - Brasil 3 x 9 Japão
03/11 - Brasil 1 x 10 Coreia do Sul
04/11 - Brasil 3 x 9 Estados Unidos

Disputa feminina 

31/10 - Brasil 7 x 8 Austrália
31/10 - Brasil 1 x 13 Coreia do Sul
01/11 - Brasil 2 x 8 Hong Kong
01/11 - Brasil 4 x 11 Estados Unidos
02/11 - Brasil 2 x 11 Japão
02/11 - Brasil 2 x 10 Canadá
04/11 - Brasil 4 x 10 Nova Zelândia
04/11 - Brasil 7 x 13 Cazaquistão

Canadá e Japão confirmam o favoritismo

Medalhistas nos Jogos de Inverno de Pequim, em fevereiro de 2022, a equipe masculina do Canadá e a equipe feminina do Japão confirmaram o favoritismo e conquistaram o título do Pan Continental de Curling. Os dois países participaram do evento com as mesmas equipes que subiram no pódio olímpico há dez meses. 

Com Brad Gushue no comando, a seleção masculina do Canadá não fez feio. Ficou na primeira posição da primeira fase e conquistou o título ao derrotar a Coreia do Sul por 11 x 3. Os Estados Unidos, renovados com a equipe de Korey Dropkin levaram o bronze ao derrotarem o Japão por 8 x 7. A Nova Zelândia, com três vitórias e quatro derrotas, ficou com a quinta vaga no Mundial. 

No feminino, Satsuki Fujisawa, prata em Pequim, liderou o Japão ao título. Depois de terminar a primeira fase na terceira posição, derrotou o Canadá de Kerri Einarson na semifinal e ganhou da Coreia do Sul por 8 x 6 no end extra na final. As canadenses levaram o bronze ao derrotarem os Estados Unidos. Já a Nova Zelândia também confirmou a última vaga no Mundial feminino. 

Guiana e Taiwan sobem de divisão no Pan

Enquanto o curling brasileiro já pensa na Divisão B do Pan Continental em 2023, dois países comemoram o acesso inédito para enfrentarem algumas das principais seleções da modalidade na próxima temporada. Guiana entre os homens e Taiwan entre as mulheres conquistaram o título da segunda divisão. 

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No feminino, que tinha apenas quatro equipes, a seleção de Taiwan não deu chances para as rivais. Venceu os seis jogos da primeira fase (as seleções se enfrentavam duas vezes) e avançou direto à final. O México derrotou Quênia na semifinal, mas não conseguiu surpreender as asiáticas, que conquistaram o título com 8 x 7 na decisão. 

No masculino, que tinha oito times, a disputa foi mais intensa. Hong Kong liderou a primeira fase invicta com sete vitórias. Contudo, na semifinal, perdeu para Guiana por 7 x 6 - na outra semi, a Índia fez 9 x 3 no Cazaquistão. Na decisão, vitória da seleção de Guiana por 8 x 5 para garantir o título e o acesso à Divisão A. 

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