Manex Silva competiu nos Jogos da Juventude de 2020 e esteve presente em Pequim/2022 (Joel Marklund/OIS) |
Teoricamente, o período pré-olímpico começou em fevereiro de 2022, mas é somente agora, em setembro, que o Comitê Olímpico Internacional (COI) e as federações internacionais definiram as regras de classificação aos Jogos da Juventude de Inverno. O evento acontecerá em Gangwon, na Coreia do Sul, entre 19 de janeiro e 1º de fevereiro de 2024.
Houve uma demora na definição dos princípios que regem esses sistemas devido a adendos que foram debatidos e votados pelas partes nos últimos meses. Até que, no início de setembro de 2022, o COI finalmente bateu o martelo e autorizou as federações a divulgarem os requisitos ainda nesse mês - o que a maioria já fez nessa semana.
No total, são esperados 1900 atletas, que competirão em 81 eventos de 15 esportes diferentes (os mesmos praticados nos Jogos Olímpicos de Inverno). Essa vai ser a primeira edição sem qualquer competição mista entre os países. Ou seja, todas as disputas valerão medalhas para os países participantes.
Com as regras definidas para a classificação aos Jogos da Juventude de Inverno, os países finalmente podem colocar em prática seus planejamentos estratégicos. Muitos esportes já definirão parte de seus classificados nesta temporada, entre novembro de 2022 e abril de 2023. O período pré-olímpico se encerra em 10 de dezembro de 2023.
Essa vai ser a quarta edição do inverno que, definitivamente, caiu nas graças dos torcedores, países e praticantes. A idade exigida costuma variar entre as diferentes categorias e modalidades, mas na maioria dos casos são elegíveis os atletas nascidos entre 1º de janeiro de 2006 e 31 de dezembro de 2009.
Confira as regras de classificação aos Jogos da Juventude de Inverno de 2024
Ainda que algumas federações internacionais não tenham divulgado o documento com todas as normas, a maioria delas já disponibilizou a todos os membros filiados. Assim, confira os caminhos que os atletas brasileiros terão que seguir para chegarem a Gangwon em janeiro de 2024:
Curling
Estão em jogo 16 vagas para equipes mistas e mais 24 para as duplas. A definição dos classificados ocorrerá durante o Mundial Júnior (Divisões A e B) desta temporada. A boa notícia é que o continente americano possui três vagas disponíveis e, além do Canadá e Estados Unidos, apenas o Brasil tem jovens elegíveis. Assim, resta montar uma equipe com idade adequada para competir nesta temporada.
Monobob
O sistema de classificação aos Jogos da Juventude de Inverno no Monobob é praticamente o mesmo das outras edições. São 18 vagas em cada gênero e um país pode levar, no máximo, três trenós. As condições mínimas envolvem a participação de oito provas em três pistas diferentes entre janeiro e 10 de dezembro de 2023.
Além disso, pelo menos três dessas provas em duas pistas devem ser feitas entre novembro e dezembro de 2023, e uma delas deve ser feita na pista de PyeongChang, na Coreia do Sul (local que vai receber os Jogos da Juventude). São 12 provas previstas no calendário e os oito melhores resultados serão contabilizados para o ranking. A CBDG já realizou testes com jovens e deve recrutar novos atletas nas próximas semanas. O país não deve ter problemas de classificar um atleta por gênero.
Skeleton
As regras do Skeleton são praticamente as mesmas do Monobob. A única diferença é que são 20 vagas por gênero. O Brasil também está recrutando jovens atletas e deve anunciar a convocação nas próximas semanas para que eles possam participar de todo o treinamento e aclimatação na América do Norte. O país não deverá ter grandes dificuldades de classificação.
Patinação Artística
No feminino, são 18 vagas e o Brasil tem Maria Joaquina e Louise dos Santos com idade elegível. Na Dança no Gelo, a dupla Catharina Tibau e Cayden Dawson também tenta uma das 12 cotas possíveis. O primeiro evento de classificação aos Jogos da Juventude de Inverno de 2024 é o Mundial Júnior de 2023, que acontecerá entre fevereiro e março em Calgary, no Canadá.
Os onze melhores países entre as mulheres garantem uma cota (os três primeiros levam uma vaga adicional). Na Dança no Gelo, são os seis melhores países, com os três primeiros conquistando mais uma vaga. As demais cotas serão preenchidas no ranking do Junior Grand Prix do ano que vem. Aqui, os brasileiros terão que melhorar seus desempenhos para confirmarem a classificação.
Catharina Tibau e Cayden Dawson, na Dança no Gelo, focam na classificação aos Jogos da Juventude de Inverno (Arquivo Pessoal) |
Hóquei no Gelo
A modalidade é a única que ainda não divulgou as regras de classificação. Sabe-se que terá uma disputa tradicional, com equipes de seis atletas, e outra com a modalidade 3x3 (três atletas na linha e um goleiro). A CBDG iniciou um trabalho na Arena Ice Brasil com jovens atletas para classificar uma equipe nessa última categoria. A entidade busca saber o processo seletivo para tentar viabilizar a classificação.
Esqui Alpino
São 80 vagas disponíveis para quatro categorias individuais: Slalom, Slalom Gigante, Super G e Combinado (não há Downhill nessa faixa etária). Boa parte das vagas será distribuída no Mundial Júnior de 2023 com o levantamento do Troféu Marc Hodler (que contabiliza pontos por país). As demais serão de acordo com os pontos FIS YOG.
O Brasil prepara uma nova geração de atletas no Esqui Alpino para tentar a classificação aos Jogos da Juventude de Inverno de 2024. São nomes que ainda não estão filiados à FIS (precisam completar 16 anos para isso), mas que terão idade adequada para a disputa olímpica e podem confirmar de uma a duas vagas.
Esqui Cross-Country
As regras do esqui cross-country são as mesmas do esqui alpino: 80 vagas, com as cotas distribuídas de acordo com o Troféu Marc Hodler no Mundial Júnior de 2023 e as demais via ranking FIS YOG. São apenas duas disputas individuais: Sprint Livre e 7,5km clássico. O Brasil tem um número considerável de jovens que praticam a modalidade graças ao rollerski e o trabalho do Projeto Social Ski na Rua e deve classificar pelo menos dois atletas.
Biatlo
A modalidade é outra que ainda não publicou o seu sistema de classificação. Não deve ser muito diferente de 2020, quando mais de 90 atletas de cada gênero se classificaram para duas disputas individuais em cada gênero e dois eventos mistos por equipe. Os jovens brasileiros do esqui cross-country também competem no Biatlo. A ver se o país consegue lutar por alguma vaga para 2024.
Snowboard
Por fim, no Snowboard, o Brasil tem dois atletas elegíveis para tentar a classificação aos Jogos da Juventude de Inverno: Zion Bethonico e João Teixeira. As vagas serão distribuídas de acordo com a pontuação dos países no Mundial Júnior de Snowboard 2023. São 16 vagas no Halfpipe e 22 no Slopestyle/Big Air (categorias do João) e 28 cotas no Snowboard Cross (para o Zion). É possível, mas não será fácil.
Brasil participa desde a primeira edição
Diferente da versão tradicional dos Jogos Olímpicos de Inverno, em que estreou apenas em 1992, o Brasil compete no Jogos da Juventude desde a primeira edição do evento em 2012, em Innsbruck, na Áustria. Na ocasião, apenas Eliza Nobre e Tobias Macedo, ambos do Esqui Alpino, representaram o país na competição.
Em 2016, contudo, dez atletas conseguiram a classificação aos Jogos da Juventude de Inverno de Lillehammer, na Noruega. Foram quatro no Curling (Victor Santos, Elian Rocha, Giovanna Barros e Raissa Rodrigues), Michel Macedo no esqui alpino, Altair Firmino no esqui cross-country, mais dois no Skeleton (Robert Nascimento e Laura Amaro) e dois no Monobob (Jéssica Vitória e Marley Linhares). Esse último ainda alcançou a melhor posição do país, ao terminar na oitava posição.
Já em 2020, na edição de Lausanne (Suíça), o país bateu recorde na delegação: 12 atletas em seis esportes. Novamente um time de Curling (Leticia Cid, Gabriela Rogic, Michael Velve e Vitor Melo), dois no Skeleton (Lucas Carvalho e Larissa Cândido), Gustavo Ferreira no Monobob, Noah Bethonico no Snowboard e quatro atletas no Esqui Cross-Country (Eduarda Ribera, Taynara Silva, Rhaick Bomfim e Manex Silva) - Taynara também competiu no Biatlo. O melhor desempenho foi de Noah Bethonico, 11º dentre 27 competidores.
Eliza Nobre competiu no Esqui Alpino em Innsbruck, em 2012 (Divulgação/CBDN) |
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