O primeiro desafio oficial vai ser a etapa do Junior Grand Prix de
Patinação Artística em Riga, na Letônia, entre 7 e 10 de setembro de 2022.
Antes, porém, eles fazem uma preparação no Sectional Series em Ontário,
no Canadá, nesta sexta e sábado, 19 e 20 de agosto. A Dança Rítmica é na sexta,
às 16h35. A Dança Livre no sábado, às 11h55 – sempre no horário brasileiro.
“Desde quando era criança eu queria representar o Brasil. Sempre
tive esse sonho e agora tenho essa oportunidade. É surreal! O Cayden não
precisava ter aceitado, não era o país dele, mas decidiu representar o país”,
explicou Catharina com exclusividade ao Brasil Zero Grau.
Pelas regras da ISU, basta que um atleta tenha a nacionalidade para
representarem um país na Dança no Gelo – caso conquiste a classificação
aos Jogos Olímpicos, Cayden precisará ter cidadania brasileira até lá. Mas isso
não é um impeditivo para o jovem nascido em Toronto que virou fã do nosso pastel
e já está aprendendo o português.
“Sempre achei um país bem interessante, gosto muito da cultura e é
muito bonito. Muito feliz de poder proporcionar essa chance para a Catharina”,
explicou o parceiro.
Dupla foi formada durante a pandemia
Enquanto Cayden é de Toronto, Catharina nasceu em Salvador, capital
da Bahia, e se mudou com os pais para o Canadá ainda criança. Foi lá que ela
aprendeu a patinar aos quatro anos e não largou mais o esporte. Competia na
disputa individual até completar dez anos, mas depois resolveu experimentar
novas categorias.
Migrou para a Dança no Gelo e teve uma parceria que durou
quatro anos. Entretanto, com o início da pandemia de covid-19 e a percepção de
que o desempenho não estava bom, ela encerrou a parceria. Começou a procurar
atletas interessados até encontrar Cayden. Formaram a nova dupla em 2021.
Entretanto, a ausência de competições diante do avanço do novo
coronavírus impediu que os jovens competissem oficialmente. Se por um lado isso
impediu avaliar o desempenho dos treinos, por outro facilitou a burocracia para
representarem o Brasil no cenário internacional.
Jovens da Dança no Gelo sonham com Jogos da Juventude de 2024
Por conta disso, esse primeiro ano servirá mais como teste do que
como avaliação de desempenho efetivamente. “A gente só quer a experiência em
competições internacionais. Fazer o que pode para continuar melhorando”,
explica Catharina.
Entretanto, eles não escondem qual é o principal objetivo:
representarem o Brasil na Dança no Gelo durante os Jogos da Juventude de
Inverno em Gangwon, na Coreia do Sul, em janeiro de 2024. Para isso, eles
precisam de um bom desempenho no Mundial Júnior de 2023 ou nas etapas do Junior
Grand Prix da próxima temporada, a partir de agosto de 2023.
Para o técnico Marc-André Servant, é um sonho possível. “Eles estão
treinando bem. Se continuarem assim, é possível chegar lá”, explica. Para essa
temporada, aliás, Catharina e Cayden escolheram Tango Argentina e Valsa
Espanhola para a Dança Rítmica e músicas do filme Dirty Dancing para a
Dança Livre – inclusive a conhecidíssima (I’ve had) The time of my live.
Catharina e Cayden querem virar exemplo para jovens
Em julho, Catharina e Cayden estiveram no Brasil durante a disputa
do Campeonato Brasileiro de Patinação Artística. Eles fizeram uma apresentação de
gala para o público na Arena Ice Brasil e se encantaram com o apoio e carinho recebidos.
“Foi muito legal, todo mundo estava animado de ver a gente”,
explica Cayden. “Nunca imaginei que teria tanta gente que ama o esporte. Eles
nos apoiavam como se já tivéssemos feito algo importante. Na verdade, eu que
sou fã dessas pessoas”, prossegue Catharina.
Eles serão a segunda dupla do Brasil na história da Dança no
Gelo. Entre 2016 e 2017, Karolina Calhoun também competiu na categoria
júnior com Logan Leonesio e, depois, Michael Valdez. Por isso, Catharina e
Cayden querem aproveitar este ciclo para se tornarem, também, referências aos
torcedores. “Queremos servir de exemplo, mostrar aos fãs que é possível”, conclui
a brasileira.
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