Michael Krähenbühl e Sergio Vilela embarcam para os Estados Unidos: parte suíça da seleção (Reprodução) |
Participar do America's Challenge de Curling não chega a ser uma novidade para o Brasil, mas certamente esta temporada pode representar um marco para o esporte no país. Pela primeira vez na história o torneio vai contar com a presença de três equipes e não é a única chance dos brasileiros de garantirem uma inédita vaga no Mundial.
Além dos Estados Unidos, a seleção brasileira também jogará contra Guiana, país filiado à WCF (Federação Mundial de Curling) desde 2016 e que estreou em competições internacionais no Mundial de Duplas Mistas de 2018. O evento acontece entre 16 e 18 de novembro no Centro de Curling de Chaska, cidade norte-americana no estado de Minnesota.
O time do Brasil é praticamente o mesmo de anos anteriores. Marcelo Mello será o skip novamente (esteve presente na mesma posição nas cinco edições já realizadas). Sergio Vilela é o lead e Scott McMullan, que atualmente mora na Coreia do Sul, é o second. A novidade é a estreia de Michael Krähenbühl como third da equipe nacional.
Como o próprio nome indica, Michael segue o caminho de vários atletas do país nos esportes de inverno. Filho de pai suíço e mãe brasileira, ele nasceu no Cantão de Grisões, na Suíça, e pratica o Curling por influência do pai, atleta semi-profissional da modalidade. Aos nove anos começou a ter seu primeiro contato e, aos 12, já participava de torneios com partidas regulares na temporada.
Assim, com 25 anos, ele possui uma vantagem que nenhum brasileiro possui: convívio direto com o Curling desde a infância, o que ajuda a desenvolver suas habilidades no gelo. O sonho de representar o Brasil no Curling sempre existiu, mas só se tornou possível quando um amigo em comum o apresentou a Sergio Vilela, brasileiro que mora na Suíça e buscava jogadores que moram na Europa.
Scott McMullan e Marcelo Mello continuam na equipe brasileira para o America's Challenge (Reprodução) |
O reforço de Krähenbühl chega em um bom momento. Nesta temporada, a WCF alterou o sistema de classificação ao Mundial de Curling por equipes. A partir de agora há uma repescagem com integrantes de todas as regiões para os países que não conseguirem a vaga direta nos torneios continentais. Ou seja, mesmo com uma eventual derrota no America's Challenge, o Brasil ainda tem chance de ir ao Mundial por meio da repescagem e pode fazer jogos com outros times para ver seu nível em relação ao resto do mundo.
A questão é que, nesta temporada, os brasileiros têm a companhia da seleção da Guiana no desafio contra os Estados Unidos. Serão dois jogos contra cada um dos países e quem tiver a melhor campanha garante classificação direta ao Mundial - o favoritismo, claro, segue com os norte-americanos. O segundo colocado ganha vaga à repescagem.
O desafio, portanto, segue complicado. Campeões olímpicos com o time de John Shuster, os Estados Unidos escalaram a equipe de Rich Ruohonen para o torneio continental. Não se engane: o conjunto é o atual campeão norte-americano e representou o país no Mundial Masculino de 2018. Além disso, atualmente ocupa a 21ª posição do ranking masculino do World Curling Tour e é o segundo melhor time norte-americano (atrás justamente de John Shuster).
Já Guiana será comandada por Rayad Hussain, que liderou seu país no Mundial de Duplas Mistas e surpreendeu o mundo ao conquistar três vitórias, inclusive sobre a dupla brasileira, e ficar próximo da classificação às oitavas de final logo em seu primeiro torneio internacional.
A equipe feminina do Brasil, formada por Anne Shibuya, Alessandra Barros, Luciana Barrella, Debora Monteiro e Isis Oliveira, também participaria do America's Challenge deste ano. Contudo, a CBDG fez um pedido à WCF para dar a vaga direta às norte-americanas e, assim, focar na preparação específica para a repescagem - a Guiana não possui uma equipe feminina.
A repescagem mundial vai acontecer entre 18 e 23 de janeiro de 2019 em Naseby, na Nova Zelândia, e vai definir os dois últimos classificados aos Mundiais masculino e feminino de Curling - a WCF aumentou o número de participantes de 12 para 13 países.
Esta é a sexta edição do America's Challenge de Curling. Nas quatro primeiras edições (2009, 2010, 2015 e 2017), o Brasil enfrentou justamente os Estados Unidos. Em 2018, a seleção brasileira enfrentou pela primeira vez o Canadá, principal potência do esporte. Em todas as ocasiões, o país foi derrotado por 3 a 0 no confronto de até cinco partidas.
Rich Ruohonen, ao centro, é o atual campeão norte-americano e jogará contra brasileiros e guianeses (Richard Gray/WCF) |
Calendário - America's Challenge 2018/2019
16/11 - 22h - Estados Unidos x Brasil
17/11 - 12h - Guiana x Estados Unidos
17/11 - 17h - Brasil x Guiana
17/11 - 22h - Estados Unidos x Brasil
18/11 - 11h - Estados Unidos x Guiana
18/11 - 16h - Guiana x Brasil
* horário de Brasília
* não há previsão de streaming, mas a federação norte-americana deve promover live scoring aqui
Brasil terminou o Mundial Misto de Curling sem vitória
Totalmente renovada e com caras novas, a equipe brasileira que participou do Mundial Misto de Curling de 2018 não conseguiu repetir o desempenho do ano anterior. Desta vez, o time se despediu do evento sem conquistar uma vitória. Foram oito derrotas na primeira fase e a última colocação do Grupo B - Cazaquistão e Croácia foram os outros países que não venceram no torneio.
A campanha do Brasil foi a seguinte: Dinamarca (9x1), Rússia (9x2), Suíça (9x4), Irlanda (10x6), Holanda (9x3), Estados Unidos (10x2), Finlândia (7x4) e Austrália (10x3). Apesar de não ter vencido nenhum adversário, os brasileiros tiveram alguns bons momentos, principalmente nos jogos contra os irlandeses (quando venciam até metade da partida) e Finlândia (com a derrota definida apenas no último end).
Pela primeira vez na história do torneio, o título ficou com o Canadá. O país, sede do torneio nesta temporada, venceu a Espanha por 6 a 2 na disputa pelo ouro. A medalha de bronze ficou com a Rússia, campeã mundial misto em 2016, ao derrotar a Noruega por 8 a 7 na definição do terceiro lugar.
Claudio Alves, Luciana Barrella e Erick Santos: equipe brasileira no Mundial Misto de Curling (Jeffrey Au/WCF) |
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