Larissa Paes é a primeira brasileira na patinação de velocidade

Larissa Paes participou de um programa de transição em Heerenveen, na Holanda (Arquivo Pessoal)

Quando Larissa Paes ganhou seu primeiro par de patins aos seis anos, ela sequer imaginaria as conquistas que aquele equipamento iria proporcionar em sua vida. Aos 13, começou a treinar patinação inline em Brasília. Aos 15, conquistou seu primeiro título nacional. Agora, aos 22, rompeu o último obstáculo que faltava para o Brasil nos esportes de gelo. Ela é a primeira atleta do país a participar de uma prova oficial na patinação de velocidade. 

A jovem esteve presente em um training camp em Heerenveen, na Holanda, e competiu em duas corridas na Summer Cup no último dia 14 de julho. Nos 500 metros, ela foi a 27ª dentre 29 competidoras com 54seg34. Depois, nos 1500 metros, foi a sétima entre oito participantes com o tempo de 2min39seg09. 

"Apesar de serem tempos extremamente altos, pois eu só treinei por quatro dias, são o primeiro registro feminino do Brasil", comenta Larissa com exclusividade ao Brasil Zero Grau

A oportunidade surgiu ainda em 2017. O responsável pelo programa internacional de patinação de velocidade em Heerenveen a convidou para uma semana de transição após a disputa do Mundial de Patinação Inline deste ano, curiosamente também realizado na Holanda, entre 1º e 8 de julho, em Heerde e Arnhem. 

Com a graduação concluída, a brasileira resolveu se dedicar integralmente ao esporte e, assim, aceitou o convite de um amigo australiano para treinar com ele na Holanda. Assim, foram dois meses consecutivos no país europeu, onde Larissa pôde treinar bastante, participar do Mundial Inline e também fazer esse programa de transição - contando apenas com o apoio financeiro da família. 


"Me diziam com frequência que eu tinha boa técnica e que se assemelhava ao modo de patinar no gelo. Mas é algo que não me parecia possível no início, pois aqui no Brasil não existe pista de gelo, então até o ano passado eu não acreditava nessa possibilidade. Após a semana da ISU eu me senti extremamente motivada para começar a aprender, pois me identifiquei muito com o estilo das provas do long track, e acredito que tenho potencial para atingir um bom nível competitivo", comentou. 

Tanto que ela já está filiada à CBDG e a entidade, inclusive, recebeu vídeos com os treinamentos da atleta no gelo. Mas não se trata, evidentemente, de uma migração completa. Assim como outros grandes nomes da modalidade, como a tcheca Martina Sáblíková, Larissa pretende intercalar os treinos no inline com os do gelo. "Acredito que um complementa o outro". 

Mesmo assim, não podem ser considerados esportes idênticos. Enquanto o inline valoriza a capacidade física do praticante, como a força, explosão e aceleração, o gelo requer uma técnica específica de patinação. Se você não tiver movimentos suaves, manter sua posição e ter controle sobre o centro de gravidade, dificilmente você conseguirá treinar na patinação de velocidade. 

Com novos objetivos na carreira, incluindo o sonho dos Jogos Olímpicos de Inverno, Larissa Paes sabe que ainda tem a desenvolver como atleta e não pode perder tempo. Em setembro, ela participará do Nacional de Inline e deseja manter seus títulos e a vaga na seleção. Depois, se contar com os recursos financeiros necessários, embarcará novamente para a Holanda para participar do programa de iniciação no gelo. 

"Faltam três anos e meio para as próximas Olimpíadas e cada dia faz diferença para um atleta. Portanto, pretendo iniciar o quanto antes", concluiu.

Larissa como atleta da seleção brasileira de patinação inline (Arquivo Pessoal)

Brasil pode ganhar mais uma atleta no futuro

Larissa Paes foi a primeira, mas em breve ela pode ganhar uma companhia. Elena Rodrigues, brasileira que mora nos Estados Unidos e que chegou a representar o país em competições internacionais de patinação artística no gelo, começou a treinar na patinação de velocidade no início deste ano. 

A ex-atleta de patinação artística teve a ideia após se formar como enfermeira e se mudar para Milwaukee. Lá, ela mora perto do Pettit National Ice Center, um dos principais centros da modalidade no país norte-americano. "Uma das minhas forças como patinadora artística era justamente minha energia, mas não conseguia mais saltar por conta de uma lesão nas costas", comentou a atleta ao Brasil Zero Grau. 

Por enquanto, Elena está apenas no período de treinamento. Neste meio do ano, o rink está fechado, mas ela já planeja o retorno ao gelo a partir de setembro, quando começa a temporada de inverno no hemisfério norte. Na patinação artística, a atleta representou o Brasil no Mundial Júnior de 2008, no Four Continents de 2010 e na Universíade de Inverno de 2011. 

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