Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de PyeongChang (Reprodução) |
Eu, se fosse membro do POCOG (Comitê Organizador dos Jogos de PyeongChang), já teria feito alguma simpatia para afastar mau olhado. Não bastasse o clima de tensão por conta das participações da Rússia e Coreia do Norte e do surto de norovirus na véspera da Cerimônia de Abertura, mais dois fatos abalaram os últimos dois
Um deles mexeu com um dos orgulhos sul-coreanos: a internet ultrarrápida. Momentos antes da Cerimônia de Abertura, as pessoas presentes no Estádio Olímpico de PyeongChang perceberam uma anomalia na rede wireless, causando desconforto aos jornalistas e o público presente. Contudo, imaginava-se que, por se tratar de montanha e pela quantidade de dispositivos conectados, a rede naturalmente passaria por instabilidades.
Entretanto, o próprio comitê confirmou que, na verdade, o sistema sofreu um ataque cibernético no DNS (domain name system), protocolo fundamental que localiza e traduz para os números IP os endereços dos sites que são digitados nos navegadores - sem ele, nenhuma página abre. A instabilidade, pelo menos no Centro de Mídia, só foi corrigida dois dias depois. O POCOG soltou uma declaração oficial.
"Houve alguns problemas que impactaram nossos sistemas não-críticos na última noite por algumas horas. Nós pedimos desculpa inconveniência causada a todos os afetados. Nenhum evento foi interrompido ou teve algum efeito sobre a segurança de atletas e espectadores. Todas as competições correram como planejadas e nosso experiente time de TCI está trabalhando para manter todos os sistemas. Nós estamos investigando as causas e iremos divulgar futuras informações quando tivermos mais detalhes"
A questão é que a tecnologia e, principalmente, a velocidade da Internet é um dos orgulhos sul-coreanos e está, inclusive, no lema oficial dos Jogos Olímpicos de PyeongChang ("Passion. Connected"). Como bem lembra o jornalista Guilherme Roseguini em seu Twitter, se esse problema acontecesse, por exemplo, na Copa do Mundo na África do Sul, em 2010, ou até mesmo nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, não faltariam críticas para o comitê brasileiro. A Coreia do Sul falhou feio justamente com uma de suas principais promessas.
Não bastasse os problemas tecnológicos, no dia seguinte o Comitê dos Jogos Olímpicos precisou lidar com questões naturais. Um terremoto de 4,6 graus na escala Richter aconteceu em Pohang, cidade sul-coreana distante apenas 160 quilômetros de PyeongChang. Um alerta de emergência chegou a ser enviado para todo o país, segundo o Globoesporte.com, mas felizmente ninguém aqui na sede olímpica sentiu algum tremor.
Por fim, fortes ventos castigaram as montanhas de PyeongChang neste domingo aqui na Coreia do Sul (sábado à noite no Brasil). A prova de esqui alpino downhill e a classificatória de snowboard slopestyle feminino foram adiadas e reagendadas para outros dias - comprometendo a programação estipulada pelo POCOG.
Apesar de todos os problemas, é preciso também ressaltar que, em nenhum momento, o Comitê deixou que isto atrapalhasse o funcionamento dos Jogos Olímpicos. As competições estão rolando, o público está comparecendo (mais em alguns esportes do que outros, o que é natural), o transporte está fluindo e, até o momento, nenhuma reclamação formal foi feita. Mas não tenho dúvidas de que seus diretores desejam, ao menos por um dia, ter um pouco de paz e tranquilidade para pensar apenas na competição olímpica.
Segundo dia de disputas promove zebras e recordes
Sven Kramer foi o único favorito que ganhou ouro no segundo dia |
O segundo dia de competições oficiais em PyeongChang contou com algumas surpresas inacreditáveis nas seis provas realizadas. O único que confirmou seu favoritismo foi o holandês Sven Kramer, que conseguiu o tempo total de 6min09seg76 (novo recorde olímpico) e ficou à frente do canadense Ted-Jan Bloemen, segundo, e do noruegês Sverre Pedersen, terceiro.
No Snowboard Slopestyle, o ouro foi do norte-americano Redmond Gerard, 17 anos, e que conseguiu 87.16 pontos em seu último - os canadenses Max Parrot e Mark McNorris (este último se recuperado de um grave acidente em que ficou pela vida e morte em março de 2017) completaram o pódio. Já no Skiatlo,/ 15/15km masculino, a vitória foi do norueguês Simen Krueger com 1h16min0seg0 - ele só havia vencido uma prova na Copa do Mundo de Cross-Country em sua carreira. Krueger ainda liderou a festa da Noruega ao trazer seus compatriotas Martin Sundby em segundo e Hans Holund em terceiro.
Redmond Gerard voa para o ouro olímpico |
A maior zebra, contudo, foi no Luge. Favorito ao tricampeonato individual masculino e líder após três das quatro provas, o alemão Felix Loch cometeu um erro em sua última descida e ficou fora até do pódio. David Gleirscher, da Áustria, que jamais venceu uma etapa sequer na Copa do Mundo, aproveitou o erro rival e foi campeão olímpico com 3min10seg702. Chris Mazdzer, dos Estados Unidos, foi prata e conquistou a primeira medalha do país em competições masculinas no Luge. Johannes Ludwig, da Alemanha, foi bronze.
Os alemães, contudo, ganharam um ouro surpreendente no sprint 10km do Biatlo. O francês Martin Fourcade e o norueguês Johannes Bø, que polarizaram a Copa do Mundo da modalidade na temporada, também ficaram fora do pódio. Arnd Peiffer foi o campeão com 23min38seg8 e desempenho perfeito nos tiros - é seu primeiro ouro olímpico. Michal Krcmar, da República Tcheca, ficou em um surpreendente segundo lugar e Dominik Windisch, da Itália, foi o terceiro.
Simen Krueger surpreendeu no Esqui Cross-Country e ganhou o Skiatlo |
Por fim, no Esqui Livre Moguls feminino, vitória da francesa Perrine Laffont, com 78.65 pontos, apenas 0.09 à frente da canadense Justine Dufour-Lapointe, campeã olímpica de 2014 - Yulia Galysheva, do Cazaquistão, completou o pódio e conquistou a primeira medalha de seu país em PyeongChang.
O domingo na Coreia do Sul também teve o encerramento da primeira fase do Curling. Canadá terminou na primeira posição, seguido pela Suíça, segunda, e OAR (dupla russa) em terceiro. Noruega e China fizeram um disputado duelo pela quarta posição no tie-breaker, mas os noruegueses levaram a melhor e seguem com chances de medalhas. As partidas acontecerão nesta segunda-feira, dia 12: Canadá x Noruega e Suíça x OAR.
No hóquei no gelo feminino, com partidas do Grupo A (elite), os Estados Unidos derrotaram a Finlândia por 3 a 1 e o Canadá fez 5 a 0 na equipe de OAR. Por fim, na patinação artística por equipe, tivemos a definição dos cinco países com direito a executarem suas apresentações no programa longo de cada categoria: Canadá, Itália, OAR, Estados Unidos e Japão seguem com chances de medalhas. A equipe canadense lidera com 45 pontos até o momento, seguido por OAR, com 39, e EUA, com 36.
Os resultados completos e programação podem ser vistos aqui. Nesta segunda-feira, dia 12, serão oito medalhas no total, com destaque para a estreia (se o clima permitir) do esqui alpino com o slalom gigante feminino, e a competição por equipes na patinação artística no gelo.
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