Jaqueline Mourão (Roberto Nahom/COB) |
Quando Jaqueline Mourão iniciar a disputa dos 10km técnica livre de esqui cross-country nesta quinta-feira, 15 de fevereiro, ela já terá entrado para a história do esporte brasileiro independentemente do resultado final de sua prova. A prova começará às 15h30 no horário local (4h30 no horário de Brasília), no Alpensia Cross-Country Center.
A brasileira irá atingir a marca de seis participações em Jogos Olímpicos, igualando as marcas dos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, do mesa-tenista Hugo Hoyama, do cavaleiro Rodrigo Pessoa e da jogadora de futebol Formiga. A diferença, porém, é que Jaqueline fez grande parte de sua trajetória nas modalidades de inverno.
Atleta de Mountain Bike nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, a brasileira começou a esquiar por acaso em 2005, quando uma nevasca a impediu de treinar com a bicicleta e seu marido Guido Visser, praticante de esqui cross-country, sugeriu a modalidade. Tomou gosto e não parou mais. Em apenas três meses (dezembro de 2005 e fevereiro de 2006), estreou em competições internacionais, atingiu o índice e participou dos Jogos Olímpicos de Inverno em Turim.
A partir de 2009, passou a se dedicar exclusivamente à modalidade de neve e, neste ciclo olímpico, vive a melhor fase de sua carreira. Subiu em pódios em diversas etapas da Copa norte-americana, obteve índices e participou da Copa do Mundo de Esqui Cross-country, principal torneio do circuito internacional e lidera, com folga, o ranking latino-americano, possuindo os recordes brasileiros tanto no Sprint quanto no Distance.
"Agora com a sexta Olimpíada, a quarta na de inverno, eu finalmente faço parte desse esporte. Eu subi em pódios, consegui resultados inéditos. Sinto que pertenço ao esqui cross-country. Treinei forte para estar aqui e me sinto mais confortável", explicou Jaqueline com exclusividade ao Brasil Zero Grau.
Apesar dos melhores resultados da carreira, a caminhada até PyeongChang não foi fácil. Aos 42 anos, a brasileira precisou superar um duro baque em 2016. Na ocasião, o clube em que ela treinava no Canadá, onde mora com a família, não permitiu a sua participação na equipe de esqui cross-country mesmo com resultados similares de suas colegas de equipe. A alegação? 'Vous etes une madame', algo como "você já é uma senhora" em francês.
"Levei um ano para superar isso. A cada resultado ruim vinha essa frase que me disseram", recorda.
Passou uma temporada inteira, mas Jaqueline retomou a confiança e os bons resultados continuaram. A brasileira encontrou um novo centro de treinamento (Craftbury, nos Estados Unidos), e conta com parceria da CBDN com um centro canadense para realizar sessões de fisioterapia e recondicionamento físico.
Com a confiança elevada, a atleta do Brasil postou em 2017 um pequeno desabafo em sua página no Facebook contra esse episódio de preconceito por sua idade - algo incomum para essa mineira que evita polêmica. Desde então, cada conquista é acompanhada pela hashtag #jesuisunemadameFORTE ("Eu sou uma senhora forte", em francês).
Em PyeongChang, Jaqueline evita fazer prognósticos de resultados - "não vou ganhar medalha, mas quero dar trabalho para algumas atletas de países tradicionais". Contudo, ela gostaria de superar seus pontos FIS de Vancouver, em 2010, quando também participou dos 10km em técnica livre - na ocasião, ela fez 172.88 pontos. Se conseguir, será o melhor resultado do Brasil na disputa olímpica do esqui cross-country.
Com 42 anos, mãe do Yan, 7 anos, e Jade, 3, a pergunta é inevitável. E a aposentadoria, Jaqueline? "Me preocupo com isso, o meu reloginho fica me lembrando. Mas muitos atletas perdem a chance de chegar no seu auge justamente por não quererem continuar. Se ainda estou com bons resultados e boa performance, vou seguir em frente".
Isabel sofre queda em treino na véspera de sua prova
Isabel Clark (Christian Dawes/COB) |
Parece que a bruxa está solta na delegação brasileira. Uma semana após Michel Macedo sofrer uma queda durante treino de esqui alpino e perder suas duas primeiras provas em PyeongChang, a snowboarder Isabel Clark também caiu durante seu último treinamento antes da competição nesta quarta-feira, dia 14.
Uma rajada de vento a derrubou após um salto e a brasileira reclamou de dores no calcanhar e no joelho direito. Exames não identificaram fratura e ela está sendo avaliada nesta manhã de quinta na Coreia, madrugada no horário de Brasília. O Brasil Zero Grau esteve no local de treinamentos e acompanhou três da quatro descidas da atleta. Também presente no local, Stefano Arnhold, chefe da missão brasileira, já havia alertado sobre fortes ventos na pista de snowboardcross, principalmente na posição de largada das atletas.
Michel Macedo, por sua vez, já voltou aos treinos e está pronto para participar do Slalom Gigante no dia 18 e do Slalom no dia 22. Já a equipe de Bobsled faz seu primeiro treino oficial também nesta quinta-feira, a partir das 15h15, no Olympic Sliding Center. A equipe deve realizar duas corridas por dia entre 15 e 17 de fevereiro.
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