Hwang e Won levaram a bandeira da península coreana unificada (Reprodução) |
O momento mais esperado da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de PyeongChang foi bonito e emocionante, mas ainda está longe de amenizar as relações na península coreana. Pela quarta vez na história, as Coreias do Sul e do Norte desfilaram juntas em uma Olimpíada para tentar uma reaproximação política entre os dois governos.
Antes, os dois países marcharam em um estádio olímpico com a bandeira da península unificada nos Jogos de Verão de 2000 e 2004, respectivamente em Sydney (Austrália) e Atenas (Grécia) e nos Jogos de Inverno de 2006, em Turim (Itália). Contudo, diferentemente das outras edições, nesta o simbolismo é maior por se tratar de um evento em território sul-coreano - trinta anos atrás, quando Seul organizou os Jogos de Verão, a vizinha do Norte boicotou todo o evento.
A organização foi impecável e ajudou a criar essa mensagem de paz. Além de desfilarem juntos, cada país escolheu um porta-bandeira para que ambos carregassem o símbolo durante o trajeto (a jogadora de hóquei Chung Gum Hwang, representando o Norte, e o atleta de bobsled Yunjong Won, do Sul. Tanto Thomas Bach, presidente do COI, quanto Hee Beom-Lee, presidente do POCOG, trouxeram o fato em seus discursos.
Uma das apresentações mostrou dois pombos se transformando em um só ao som de "Imagine", de John Lennon e e até mesmo o revezamento da tocha olímpica se encerrou com uma dupla formada por uma norte e uma sul-coreana - ainda que a honraria de acender a pira tenha ficado com Yuna Kim, ex-patinadora artística campeã olímpica em 2010 e grande estrela do esporte sul-coreano.
Contudo, por mais que as tentativas tenham sido louváveis, o ambiente no entorno do estádio não estava legal. Contei na Folha de S. Paulo sobre o protesto que ocorreu horas antes na porta de entrada do Parque Olímpico e reuniu grupos pró e anti-reunificação. A polícia conseguiu conter os mais agitados e evitou
Não é preciso falar coreano para entender que há um clima de desconfiança e insegurança em relação tema, principalmente os mais jovens, que já nasceram com essa divisão. Os burburinhos na sociedade sul-coreana só aumentaram após a decisão do país de desfilar junto e de formar uma equipe de hóquei feminina unificada.
A expectativa, portanto, é torcer para que essa mensagem de paz e o clima amigável no Estádio Olímpico sejam, de fato, o catalisador para grandes mudanças e tempos de paz na península coreana. O Mundo Olímpico - e a sociedade civil agradecem.
Yuna Kim patinou antes de acender o fogo olímpico (Reprodução) |
Pitacos da Cerimônia de Abertura
- A ordem de desfile dos países foi totalmente diferente do que o Ocidente está acostumado. Com exceção da Grécia, sempre primeira delegação, e do time da casa, sempre a última, os países entram no estádio por ordem alfabética. A questão é que usa-se o alfabeto do país-sede, no caso, o Hangeul. Isso fez com que o Brasil desfilasse antes da Argentina, por exemplo!
- Pita Tafautofua, o "besuntado" de Tonga que fez sucesso nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, ao entrar com a bandeira do seu país com o corpo todo passado no óleo, repetiu a dose na Cerimônia de Abertura de PyeongChang. Detalhe: com -10ºC no momento.
- Proibidos de desfilarem com sua bandeira e de cantar seu hino, os russos ainda não engoliram a punição imposta pelo COI. Pela primeira vez na história, uma bandeira não foi carregada por um atleta que disputará os Jogos, mas por uma voluntária do Comitê Organizador.
- O Brasil foi o 33º país a desfilar na Cerimônia de Abertura e fez a festa da torcida sul-coreana. Ao lado da Jamaica, foi um dos times mais celebrados dentre aqueles que possuem as menores delegações.
- Em compensação, a equipe norte-americana foi ovacionada pelo público, o que mostra a proximidade entre Coreia do Sul e Estados Unidos.
- Outro momento que ajudou a esquentar os torcedores foi quando começou a cantar a música "Gangnan Style", de Psy, rapper sul-coreano que fez sucesso no Youtube em 2012.
Equipe brasileira desfilando na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos (Reprodução) |
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