Começou na última quinta-feira, 20 de julho, mais uma edição dos Jogos Mundiais. A competição poliesportiva se notabilizou por reunir modalidades que não fazem parte do programa olímpico e por apresentar esportes novos e totalmente diferentes dos já conhecidos pelos torcedores em todo o mundo.
O evento, porém, reúne apenas modalidades de verão - o que faz com que alguns esportes de inverno continuem "ignorados" pelos fãs esportivos. Ausente das principais competições, esses esportes de neve e gelo batalham ano após ano para atrair novos praticantes, torcedores e patrocinadores. Confira dez esportes de inverno não-olímpicos que vale a pena conhecer (tem até atletas brasileiros na parada):
1 - Bandy
Esporte com tacos, bola e disputado em um rink de gelo. Não estamos falando do hóquei, mas do Bandy, principal modalidade de inverno que não faz parte dos Jogos Olímpicos de Inverno. Ele nasceu no País de Gales, no fim do século 19, mas ganhou popularidade na Suécia, Rússia e demais países escandinavos na segunda metade do século 20. É um primo distante do hóquei, mas se assemelha ao futebol: é disputado em um rink descoberto, as equipes têm 11 atletas, a partida é dividida em dois tempos de 45 minutos e até a regra de impedimento é igual. A diferença é que os praticantes conduzem a bola com os tacos, com exceção dos goleiros, que precisam defender com as mãos. A principal competição é o Mundial, realizado anualmente. Rússia, Suécia, Finlândia, Noruega e Cazaquistão são as principais potências do esporte. O Bandy é reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional desde 2001 e foi esporte de demonstração nos Jogos de 1952, mas ainda hoje não conseguiu entrar no programa olímpico.
2 - Ice Cross Downhill
É o esporte mais novo da lista e, talvez, o que tenha mais potencial de crescimento no futuro. O Ice Cross Downhill nasceu em 2001 por iniciativa da Red Bull, empresa de bebidas energéticas, que buscava uma atividade radical para promover sua marca. A inspiração é o snowboardcross, com a diferença de que a neve dá lugar ao gelo e a prancha é substituída por patins. As provas são formadas por baterias com quatro atletas e os dois melhores avançam até a decisão. A principal competição é o Red Bull Crashed Ice, com etapas realizadas na América do Norte e que reúne mais de 100 mil fãs. O Ice Cross Downhill não é regulamentado por nenhuma federação esportiva, o que impossibilita sua inclusão futura nos Jogos Olímpicos. Contudo, se continuar crescendo dessa forma, logo deve se estruturar para isso.
3 - Ringette
Outro esporte coletivo similar ao hóquei no gelo, o Ringette é destinado às mulheres e nasceu em 1963 por iniciativa do canadense Sam Jacks. A modalidade é praticada nas arenas de hóquei no gelo e as equipes também possuem seis atletas. Contudo, as semelhanças param por aí. Ao invés do puck, as jogadoras precisam conduzir um anel (ring) com seus tacos. Além disso, o contato físico é proibido, apenas três atletas podem ficar nas zonas de ataque ou defesa e o anel precisa ser passado antes da linha azul, o que faz o jogo ser mais ágil. O principal torneio de Ringette é o Mundial, criado em 1990 e disputado a cada três anos. Além do Canadá, berço do esporte, a Finlândia, Suécia e Estados Unidos são os principais países. Contudo, a falta de participação de outras regiões impede sua inclusão no programa olímpico.
4 - Telemark
O Telemark é uma combinação de técnicas do esqui alpino, esqui cross-country e do esqui saltos. Ele nasceu no fim do século 19, na região de mesmo nome na Noruega. Seu surgimento é creditado a Sondre Nordheim, considerado um precursor do esqui moderno. As provas são divididas em sprint, clássico e sprint paralelo e os percursos contêm portões (gates) para o atleta passar, blocos para pequenos saltos, área de esqui cross-country e o reipeløkke, em que o competidor precisa executar uma curva de 360º. A largada é similar ao esqui alpino: o atleta desce sozinho e, no fim, vence aquele que tiver o menor tempo. A exceção é a disputa do sprint paralelo, que consiste em uma bateria com duas pessoas. Em 1995 o Telemark passou a ser regulamentado pela FIS (Federação Internacional de Esqui), que organiza anualmente a Copa do Mundo e a cada dois anos. Países do centro e do norte da Europa, como Suíça, Áustria e Noruega, são os principais representantes do esporte, mas falta representatividade em outras regiões para pleitear uma vaga no programa olímpico.
5 - Escalada no Gelo (Ice Climbing)
O Ice Climbing é a base dos esportes de inverno - afinal, escalar montanhas de neve e gelo é uma das atividades mais antigas do ser humano. Na Idade Média, por exemplo, já havia registros de montanhismo. A primeira competição de Ice Climbing foi em 1912, na Itália. Atualmente, as provas são disputadas em uma parede de gelo artificial e existem duas modalidades: lead, em que o atleta é avaliado por sua técnica durante a escalada, e velocidade, que leva em conta o competidor que chegar primeiro ao topo. O esporte foi regulamentado apenas no fim da década 1990 e passou a ser administrado pela UIAA (União Internacional das Associações de Alpinismo) em 2002 - mesmo ano da primeira disputa da Copa do Mundo. Países alpinos são referências no esporte, como a Itália e Suíça. O Ice Climbing é uma variação do alpinismo, presente na primeira edição dos Jogos Olímpicos de Inverno, em 1924. A modalidade, inclusive, traçou uma meta ousada: estar presente nos Jogos Olímpicos de 2022, em Pequim, na China.
6 - Esqui de velocidade (Speed Skiing)
É, de longe, o esporte mais rápido dos esportes de inverno. O recorde mundial, por exemplo, é de Ivan Origone, da Itália, que atingiu incríveis 254,9 km/h! O Esqui de Velocidade surgiu no fim do século 19 graças ao interesse dos atletas em descobrir a rapidez de seus esquis na neve. A prova é similar ao downhill, a disciplina mais rápida do esqui alpino, mas disputada totalmente em linha reta - ampliando ainda mais a velocidade do competidor. O percurso normalmente tem um quilômetro e o atleta também desce sozinho: o vencedor, porém, é quem atingir a maior velocidade no trajeto. O Esqui de Velocidade é regulamentado pela FIS, que realiza etapas da Copa do Mundo anualmente e o Mundial a cada dois anos. Os países do centro e do norte da Europa são dominantes, com destaque para Suécia, Itália e França. Contudo, apesar de ser esporte de demonstração nos Jogos Olímpicos de 1992, ainda é pouco praticado em outras regiões e não tem força para pleitear uma vaga no programa olímpico.
7 - Dog Sled (Mushing)
É a famosa corrida que vemos em filmes, em que cães puxam um trenó conduzido por uma pessoa. O Dog Sled é uma prática comum em regiões frias e serve como meio de transporte desde o século 19, pelo menos. Como esporte, passou a ser disputado a partir do início do século 20. É a mesma lógica de uma corrida de carros: vence quem cruzar primeiro a linha de chegada. Atualmente, a modalidade é gerida pela IFSS (Federação Internacional de Corrida de Cães, em tradução livre) e é dividida de acordo com a distância (pequena, média ou longa), pela quantidade de cães (de quatro a oito). A principal competição é o Mundial, criado em 1990 e realizado a cada dois anos, e a Copa do Mundo, com etapas na Europa e na América do Norte. A corrida mais famosa é a Iditarod Trail Sled Dog, que percorre mil milhas (1600 km) no Alasca. Rússia, Estados e Canadá são os principais representantes do Dog Sled. A modalidade foi esporte de demonstração nos Jogos Olímpicos de Inverno 1932 e 1952, mas falta apelo em outras regiões para entrar no programa olímpico. O Brasil tem um atleta de destaque: Júlio Casares foi campeão sul-americano em 2012, em Ushuaia, na Argentina.
8 - Triatlo de Inverno
A popularização do triatlo de verão nos anos 80 levou à criação do Triatlo de Inverno na década seguinte pela União Internacional de Triatlo. A prova tradicional consiste em uma corrida na neve, mountain bike e uma disputa de esqui cross-country e é realizada desde 1997. Contudo, para convencer o COI a incluir o esporte no programa olímpico de inverno, a entidade criou em 2014 uma categoria mais voltada ao gelo e à neve: o Triatlo de Inverno S3. A prova compreende uma corrida de 5km de snowshoeing (aqueles sapatos que parecem uma raquete de tênis), 12km de patinação de velocidade e mais 8km de esqui cross-country. Vence o primeiro que cruzar a linha de chegada. Essa nova modalidade tem apenas três anos e já atrai a atenção dos torcedores e praticantes. Canadá e países do norte da Europa, como Noruega, se destacam. O Brasil não tem nenhum atleta regular no Triatlo de Inverno, mas viu Hélio Freitas, praticante de esqui cross-country e presente nos Jogos Olímpicos de 2006, participar da primeira prova desta disciplina.
9 - Patinação Sincronizada
É praticamente uma disputa de patinação artística por equipe. A Patinação Sincronizada nasceu na década de 50 por iniciativa de Richard Porter para entreter o público nos intervalos das partidas de hóquei na Universidade de Michigan. Nos anos 70 a modalidade cresceu e chegou aos países escandinavos e do leste europeu. Dependendo do nível da competição, cada equipe pode ter de oito a 20 competidoras executando manobras ao mesmo tempo. A modalidade é semelhante à patinação artística no gelo: a equipe realiza duas apresentações e recebe notas de uma banca de juízes que analisam os elementos. Quem tiver mais pontos na somatória dos dois programas é o vencedor. A Patinação Sincronizada é regulamentada pela ISU (União Internacional de Patinação), que realiza anualmente o Mundial desde 2000. Canadá, Finlândia, Suécia e Rússia são as principais potências do esporte. O Brasil não tem uma equipe, mas tem uma incentivadora: Elena Rodrigues, ex-atleta internacional de patinação artística do país, já declarou que seu sonho é montar um time brasileiro de patinação sincronizada.
10 - Eisstocksport
O Eisstocksport é tão parecido com o curling que é chamado de "Curling Bávaro" por ter nascido na região da Alemanha. Apesar de sua prática existir desde o século 16 como recreação, o esporte só foi regulamentado na década de 1930. A modalidade possui duas categorias principais: a disputa no alvo, semelhante ao curling, em que o atleta tenta posicionar o stock (disco) até o alvo no outro lado da pista, conhecido como daube, ou a competição por arremesso, em que vence quem jogar o stock o mais longe possível. Nas duas disciplinas há competições individuais e por equipe e também existe o individual por equipes, em que cada rodada um atleta diferente executa a jogada. O Eisstocksport é regido pela IFI (Federação Internacional de Eisstocksport), que organiza o Mundial, principal torneio entre seleções, a cada dois anos desde 1983. Alemanha, Áustria e Itália são os principais representantes do esporte, que entrou como demonstração nos Jogos Olímpicos de 1936 e 1964 e também nos Jogos da Juventude de 2012. Os praticantes do eisstocksport sonham com a inclusão nos Jogos Olímpicos de Inverno e, para isso, contam com o Brasil. O país cresceu nos últimos anos e conquistou uma incrível medalha de prata na disputa individual por equipe no Mundial de 2014. A expectativa é convencer o COI de que o esporte também consegue se destacar em outras regiões além do centro da Europa.
Faltou o Broombol.
ResponderExcluirSim, mas faltou um monte, na verdade! Escolhi os dez que, de uma forma ou de outra, estão mais próximos dos Jogos Olímpicos...
ExcluirMesmo assim, parabéns pela matéria. Confesso que, com exceção do Bandy e do Ringette, os demais eu não conhecia.
ResponderExcluirconheci eickssports e bandy ,
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