Pressão

Até o ano passado Oslo era a grande favorita para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno em 2022. A capital norueguesa possuía tudo o que o COI desejava: tradição, clima frio e proximidade da Europa Ocidental. Parecia ser a candidatura perfeita. Mas doze meses depois, tudo mudou e a cidade corre risco até mesmo de abandonar a disputa. 

O motivo? O descontentamento da população e de parte do governo com a sangria que o evento traria para os cofres públicos. De acordo com matérias locais, o comitê de organização de Oslo precisa garantir, pelo menos, 4,3 bilhões de euros para levar adiante o projeto - sem contar com os gastos futuros caso ganhe a sede! Um valor muito alto para uma nação que ainda sente os efeitos da crise econômica na Europa. 

Temendo que a novela de Sochi-2014 se repita na Noruega, a população partiu para o ataque. Pesquisa local mostra que 70% dos noruegueses são contra a realização do evento. Além disso, o próprio chanceler do tesouro já se manifestou contrário à candidatura da cidade. Um racha político importante e que não pode ser ignorado. 

Com uma oposição ferrenha, é praticamente impossível a candidatura de Oslo decolar no Comitê Olímpico Internacional. A entidade sabe que apoio popular e, principalmente, político é fundamental para a realização dos Jogos Olímpicos. 

Para evitar que o barco afunde de vez, os responsáveis pelo projeto já buscam alternativas. A principal delas é a transferência de algumas modalidades para outras cidades do país. Patinação artística no gelo iria para Drammen, 40 quilômetros a sudoeste de Oslo. Esqui saltos seria em Vikersund, 86,5 quilômetros para oeste e o biatlo e patinação em velocidade aconteceriam em Lillehmmer (sede dos Jogos de 1994). O objetivo das medidas é evitar a construção de novas arenas, principal ponto que encarece o projeto olímpico. 

Porém, o estrago parece ser irremediável. No dia 19 de setembro espera-se uma manifestação pública em frente ao escritório do Comitê de organização dos Jogos em Oslo. Ao que tudo indica, a escolha será mesmo entre Pequim, na China, e Almaty, no Cazaquistão - garantindo três Olimpíadas seguidas na Ásia (Pyeongchang, na Coreia do Sul, sediará a edição de inverno em 2018 e Tóquio, no Japão, a de verão em 2020). 

Já comentei sobre a crise que a escolha dos Jogos de Inverno de 2022 causou para o COI (veja aqui e aqui). O sinal está claro e já foi dado. Que a entidade reveja o processo de escolha e que os países reflitam sobre o real legado que isso traz para a população.

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