É, como era de se esperar a primeira "seletiva" de patinação artística causou bastante repercussão nas redes sociais da CBDG. Não foram poucas as manifestações de apoio e de reclamação que surgiram nas últimas horas e tudo, a meu ver, por uma simples nomenclatura inadequada.
Ontem comentei aqui que o termo seletiva não era bem o caso - a expressão "período de treinos" ou até mesmo "ranqueamento" casava mais com a proposta. Unir todos os atletas brasileiros que moram nos EUA é uma boa ideia e pedido antigo deste blog. Criar uma seleção permanente com atletas jovens reconhecidamente talentosos só traz benefícios.
Porém, ao denominar de seletiva, inconscientemente surge a ideia de que haverá alguma seleção, o que cria o sentimento de injustiça com os patinadores que moram no Brasil. Afinal de contas, eles também possuem sonhos de se tornarem atletas internacionais - mesmo sem a estrutura e condições que os brasileiros que moram lá fora possuem.
Como a comunidade de patinação no gelo é muito grande no país (acredite), a reação foi imediata. O blog mesmo recebeu um e-mail da leitora Amanda Gomes Rodrigues (que aliás enviou e-mails e posts para a CBDG), reclamando justamente desse abandono. Reproduzo abaixo:
"Deixo claro que estou a favor dos atletas estrangeiros e concordo com a participação deles nas próximas Olimpíadas, mas a 'primeira seletiva brasileira' não deveria ser para essa finalidade e sim para buscar atletas internos e condicioná-los a um treinamento decente. Afirmo novamente que em vez de buscar seus atletas para treinarem por uma chance de crescimento, por certificação internacional e reconhecida de níveis técnicos, vocês estão buscando os atletas prontos em outras nacionalidades. Me diz pra quê? O Brasil não quer um quadro de medalhas, ele quer evoluir o esporte para levantar de modo justo, como deve ser".
O registro foi feito e, devo dizer, não é o primeiro de um patinador que se sente excluído pela CBDG com essa suposta falta de projetos. Concordo em grande parte com a Amanda, mas quero deixar claro alguns pontos relacionados e que reforçam a opinião do Brasil Zero Grau:
1 - Não considero nenhum dos seis atletas (ou qualquer outro que tenha representado o Brasil em competições de inverno) como estrangeiro. Eles possuem dupla cidadania e podem escolher muito bem a pátria pela qual competirão. Para mim, Isadora Williams é mais brasileira do que muitos que usaram verde e amarelo na Copa do Mundo de futebol.
2 - Continuo reafirmando a importância deste evento. Ele é único e os atletas precisam aproveitar ao máximo. Como entidade esportiva cuja única verba é a Lei Piva e o Bolsa Atleta (baseados na meritocracia de resultados), a CBDG também precisa pensar a curto prazo. E vamos ser sinceros: são esses seis atletas que possuem chances de conseguirem classificação olímpica em 2018.
3 - Vi muitos comentários pedindo, para a patinação, ações semelhantes às feitas no Curling. O problema é que muitos desconhecem que reunir atletas que moram no exterior é justamente o que o Curling fez. Todos os brasileiros que participaram da Copa Brasil moram no Canadá. Eles não foram levados para lá pela CBDG! Portanto, as ações são semelhantes!
4 - Não creio que a CBDG está abandonando a modalidade. Em um período de seis meses a cidade de Rio de Janeiro organizou dois torneios e colocou a rapaziada para competir. O que falta, talvez, é uma iniciativa que chame a atenção por aqui, como exibições ou períodos de treinos. Ainda que o país não tenha uma pista de patinação decente, é possível criar ações mais simples para atender esse público.
5 - E é aí que Amanda acerta em cheio: quem treina patinação no Brasil quer ter, pelo menos, chances de continuar sonhando em treinar e competir no exterior. Eles não querem medalhas. Buscam apenas aprender e fincar terreno na modalidade, abrindo caminho para as novas gerações. Para isso, como lembrou bem Alexa (mãe de Isadora) no Facebook, novas seletivas existirão e eles deverão ter acesso.
6 - Pensar nelas é parte do planejamento de longo prazo. São etapas a serem seguidas e que não têm segredo: a curto prazo você monta uma seleção permanente e talentosa. A médio prazo realiza seletivas com atletas nacionais para chamar mídia, atenção e cativar sonhos. A longo prazo, você pega toda uma geração já treinada e consegue bons resultados.
Entretanto, sei que tudo isso não passa de ideias. É preciso lembrar que a CBDG passou por intervenção judicial, não conta com patrocinadores e possui outros esportes para administrar. Esporte de inverno é uma luta diária no Brasil, com um baixo orçamento incapaz de dar asas para os nossos grandes sonhos.
Ontem comentei aqui que o termo seletiva não era bem o caso - a expressão "período de treinos" ou até mesmo "ranqueamento" casava mais com a proposta. Unir todos os atletas brasileiros que moram nos EUA é uma boa ideia e pedido antigo deste blog. Criar uma seleção permanente com atletas jovens reconhecidamente talentosos só traz benefícios.
Porém, ao denominar de seletiva, inconscientemente surge a ideia de que haverá alguma seleção, o que cria o sentimento de injustiça com os patinadores que moram no Brasil. Afinal de contas, eles também possuem sonhos de se tornarem atletas internacionais - mesmo sem a estrutura e condições que os brasileiros que moram lá fora possuem.
Como a comunidade de patinação no gelo é muito grande no país (acredite), a reação foi imediata. O blog mesmo recebeu um e-mail da leitora Amanda Gomes Rodrigues (que aliás enviou e-mails e posts para a CBDG), reclamando justamente desse abandono. Reproduzo abaixo:
"Deixo claro que estou a favor dos atletas estrangeiros e concordo com a participação deles nas próximas Olimpíadas, mas a 'primeira seletiva brasileira' não deveria ser para essa finalidade e sim para buscar atletas internos e condicioná-los a um treinamento decente. Afirmo novamente que em vez de buscar seus atletas para treinarem por uma chance de crescimento, por certificação internacional e reconhecida de níveis técnicos, vocês estão buscando os atletas prontos em outras nacionalidades. Me diz pra quê? O Brasil não quer um quadro de medalhas, ele quer evoluir o esporte para levantar de modo justo, como deve ser".
O registro foi feito e, devo dizer, não é o primeiro de um patinador que se sente excluído pela CBDG com essa suposta falta de projetos. Concordo em grande parte com a Amanda, mas quero deixar claro alguns pontos relacionados e que reforçam a opinião do Brasil Zero Grau:
1 - Não considero nenhum dos seis atletas (ou qualquer outro que tenha representado o Brasil em competições de inverno) como estrangeiro. Eles possuem dupla cidadania e podem escolher muito bem a pátria pela qual competirão. Para mim, Isadora Williams é mais brasileira do que muitos que usaram verde e amarelo na Copa do Mundo de futebol.
2 - Continuo reafirmando a importância deste evento. Ele é único e os atletas precisam aproveitar ao máximo. Como entidade esportiva cuja única verba é a Lei Piva e o Bolsa Atleta (baseados na meritocracia de resultados), a CBDG também precisa pensar a curto prazo. E vamos ser sinceros: são esses seis atletas que possuem chances de conseguirem classificação olímpica em 2018.
3 - Vi muitos comentários pedindo, para a patinação, ações semelhantes às feitas no Curling. O problema é que muitos desconhecem que reunir atletas que moram no exterior é justamente o que o Curling fez. Todos os brasileiros que participaram da Copa Brasil moram no Canadá. Eles não foram levados para lá pela CBDG! Portanto, as ações são semelhantes!
4 - Não creio que a CBDG está abandonando a modalidade. Em um período de seis meses a cidade de Rio de Janeiro organizou dois torneios e colocou a rapaziada para competir. O que falta, talvez, é uma iniciativa que chame a atenção por aqui, como exibições ou períodos de treinos. Ainda que o país não tenha uma pista de patinação decente, é possível criar ações mais simples para atender esse público.
5 - E é aí que Amanda acerta em cheio: quem treina patinação no Brasil quer ter, pelo menos, chances de continuar sonhando em treinar e competir no exterior. Eles não querem medalhas. Buscam apenas aprender e fincar terreno na modalidade, abrindo caminho para as novas gerações. Para isso, como lembrou bem Alexa (mãe de Isadora) no Facebook, novas seletivas existirão e eles deverão ter acesso.
6 - Pensar nelas é parte do planejamento de longo prazo. São etapas a serem seguidas e que não têm segredo: a curto prazo você monta uma seleção permanente e talentosa. A médio prazo realiza seletivas com atletas nacionais para chamar mídia, atenção e cativar sonhos. A longo prazo, você pega toda uma geração já treinada e consegue bons resultados.
Entretanto, sei que tudo isso não passa de ideias. É preciso lembrar que a CBDG passou por intervenção judicial, não conta com patrocinadores e possui outros esportes para administrar. Esporte de inverno é uma luta diária no Brasil, com um baixo orçamento incapaz de dar asas para os nossos grandes sonhos.
Há de se criar efetivamente uma convergência de esforços, estabelecer séria iniciativa para se ABRIR aqui rinks com dimensões apropriadas para o esporte REALMENTE ser VIÁVEL NO PAÍS. Se a CBDG não tem recursos financeiros, use seus recursos institucionais para VALIDAR justamente o primeiro item dos seus objetivos previstos no próprio estatuto, para o esporte ser praticado aqui. Está lá no artigo 4o. do estatuto: "A CBDG tem por fim: a) normatizar, administrar, dirigir, controlar, difundir e incentivar em todo o país a prática do Bobsled, Skeleton, Luge, Patinação Artística no Gelo, Patinação de Velocidade no Gelo, Hóquei no Gelo, Curling, Mushing..." Sem programa que vise captar apoio e recursos para construção de um rink e se este esporte da patinação no gelo, por exemplo, depende de um rink para acontecer de verdade NO PAÍS, melhor mudar o estatuto e colocar que o incentivo é "no exterior" onde se lê "no país". Aqui, não temos incentivo nenhum. É tudo fora. Ah, sim porque não temos rink...
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