Isadora Williams entrou na história por conquistar a inédita vaga olímpica para o Brasil na patinação artística no gelo. Mas antes dela algumas heroínas do esporte brasileiro desbravaram essa longa jornada lá atrás, em 2006. Elas enfrentaram juízes rigorosos e preconceituosos, viagens e falta de patrocínios. Foram esses esforços que abriram caminho para que o talento de Isadora fosse reconhecido no mundo todo.
Para homenagear essas guerreiras, comemorar o Dia Internacional da Mulher e ainda reforçar a campanha contra o fechamento da maior pista de patinação do Rio de Janeiro (link do abaixo-assinado para votar no lado direito), o Brasil Zero Grau traz a série "Pioneirismo". Ao todo, serão seis ex-atletas representadas em cinco dias. O final será surpreendente, te garanto. Conto com sua audiência nos próximos dias.
Hoje começaremos com duas atletas: Simone Pastusiak e Stacy Perfetti. Infelizmente houve alguma falha de comunicação. Não sei se elas não receberam minhas perguntas ou se meu e-mail não recebeu as respostas delas. Infelizmente não consegui entrevista-las a tempo. Mesmo assim, faço questão de trazer um pouco mais dessas duas atletas que levaram a bandeira brasileira onde muitos sequer imaginavam que poderia estar.
Ela ganhou fama em 2006. Na época estava o auge do quadro "Dança dos Famosos", no programa do Faustão, na Rede Globo, e nesse ano resolveram importar o quadro "Patinando com as Estrelas", que acontecia num rink de patinação no gelo. Chamaram alguns atletas globais e instrutores cariocas para serem os professores dos artistas ao longo dos treinamentos e apresentações.
Entre esses instrutores estava Simone Pastusiak. Com Murilo Rosa de parceiro, ela conseguiu conquistar o título do quadro numa bancada de juízes que tinha, entre outros, Eric Maleson, então presidente da CBDG. Era o empurrão que faltava para o Brasil dar seus primeiros passos na patinação artística no gelo.
Simone era a candidata perfeita para esse trabalho pioneiro. Nascida em 1979, ela começou a patinar com quatro anos pela influência da mãe, a polonesa Lucy Pastusiak, ex-patinadora e que possuía uma escola de patinação no Rio de Janeiro. Se destacou tanto que de 1987 a 1990 foi tetracampeã brasileira.
Parecia que tudo ia bem, mas no início dos anos 90 a única pista fixa do Brasil fechou (olha a coincidência aí) e ela ficou nove anos parada. Voltou apenas em 2002, quando assumiu o posto da mãe como professora da Escola Pastusiak no Barra On Ice.
Mas graças ao quadro do Faustão, o antigo sonho olímpico começou a ganhar forma. Ela alternava treinos de patinação no Brasil e em Vancouver (pelo que entendi no site da ISU). A grande chance surgiu em 2007, quando ela participou da Universíade de Inverno, em Turim. Foi a primeira participação de alguma brasileira em um evento internacional de grande porte. Simone ficou na 31ª posição.
Mas o tão esperado patrocínio não chegou. Simone precisava continuar dando aulas no Rio de Janeiro e aqui não havia pistas com a estrutura mínima para alguma atleta sonhar com Jogos Olímpicos. Voltou a competir apenas em 2010, no Four Continents, ao lado das brasileiras Elena Rodrigues e Alessia Baldo (falaremos delas mais tarde) e ficou na 38ª e última posição, com 17.70 pontos na sua apresentação.
Acabou ali o sonho internacional da Simone. Mas se ela não figurou mais em torneios internacionais, segue ativa na patinação artística do Brasil com sua escolinha no Rio de Janeiro e mostrando aos jovens que a modalidade pode ser muito mais do que um simples hobby.
Patinadora talentosa, filha de pais brasileiros e que mora e treina nos EUA. Não, não estamos falando de Isadora Williams. Esse roteiro foi desenhado bem antes dela e encontrou em Stacy Perfetti a primeira chance real de chegar aos Jogos Olímpicos.
Ela começou a patinar com dez anos, em 2000, na cidade de Nova Jersey, onde morava com a família. Treinada por Robert Daw, fazia 27 horas semanais de treinos para tentar romper barreiras com o Brasil na patinação artística no gelo.
Até 2006 ela alternava a patinação no gelo com a patinação sobre rodas, tendo conquistado dois títulos importantes nessa última modalidade: o Campeonato Anual de Nova Jersey em 2005 e o Garden State Games no ano seguinte.
Mas em 2007 chegou o momento de optar por apenas uma delas e o sonho olímpico falou mais alto. Iniciou a preparação intensiva no gelo e na temporada 2007/2008 competiu numa etapa do Grand Prix Junior na Cidade do Cabo (África do Sul). Foi a 23ª, com uma pontuação total de 80.53 pontos na sua apresentação.
Era a melhor nota de alguma brasileira até então e a animou para encarar as competições adultas. Ainda na temporada 2007/2008 ela disputou o Four Continents, terminando na 30ª posição com 21.97 pontos e na frente de duas competidoras.
Na temporada seguinte ficou na 34ª posição do Four Continents, com 24.44 pontos, atrás da também brasileira Alessia Baldo. Semanas depois, entrou para a história como a primeira representante do Brasil no Mundial Sênior de patinação no gelo. Ficou na 51ª posição, com 25.24 pontos e na frente de duas rivais novamente.
Mesmo evoluindo aos poucos sua nota no programa curto, Stacy se viu num dilema: ou encarava o circuito ou se dedicava aos estudos. Como a grande maioria dos atletas brasileiros, precisou sacrificar sua carreira em busca da estabilidade financeira. Stacy sabia que não seria ela a "brasileira-americana" que chegaria aos Jogos Olímpicos. Mas foi uma das responsáveis em abrir caminho para o sucesso de Isadora.
Para homenagear essas guerreiras, comemorar o Dia Internacional da Mulher e ainda reforçar a campanha contra o fechamento da maior pista de patinação do Rio de Janeiro (link do abaixo-assinado para votar no lado direito), o Brasil Zero Grau traz a série "Pioneirismo". Ao todo, serão seis ex-atletas representadas em cinco dias. O final será surpreendente, te garanto. Conto com sua audiência nos próximos dias.
Hoje começaremos com duas atletas: Simone Pastusiak e Stacy Perfetti. Infelizmente houve alguma falha de comunicação. Não sei se elas não receberam minhas perguntas ou se meu e-mail não recebeu as respostas delas. Infelizmente não consegui entrevista-las a tempo. Mesmo assim, faço questão de trazer um pouco mais dessas duas atletas que levaram a bandeira brasileira onde muitos sequer imaginavam que poderia estar.
Simone Pastusiak
Simone Pastusiak (Reprodução/Facebook) |
Entre esses instrutores estava Simone Pastusiak. Com Murilo Rosa de parceiro, ela conseguiu conquistar o título do quadro numa bancada de juízes que tinha, entre outros, Eric Maleson, então presidente da CBDG. Era o empurrão que faltava para o Brasil dar seus primeiros passos na patinação artística no gelo.
Simone era a candidata perfeita para esse trabalho pioneiro. Nascida em 1979, ela começou a patinar com quatro anos pela influência da mãe, a polonesa Lucy Pastusiak, ex-patinadora e que possuía uma escola de patinação no Rio de Janeiro. Se destacou tanto que de 1987 a 1990 foi tetracampeã brasileira.
Parecia que tudo ia bem, mas no início dos anos 90 a única pista fixa do Brasil fechou (olha a coincidência aí) e ela ficou nove anos parada. Voltou apenas em 2002, quando assumiu o posto da mãe como professora da Escola Pastusiak no Barra On Ice.
Mas graças ao quadro do Faustão, o antigo sonho olímpico começou a ganhar forma. Ela alternava treinos de patinação no Brasil e em Vancouver (pelo que entendi no site da ISU). A grande chance surgiu em 2007, quando ela participou da Universíade de Inverno, em Turim. Foi a primeira participação de alguma brasileira em um evento internacional de grande porte. Simone ficou na 31ª posição.
Mas o tão esperado patrocínio não chegou. Simone precisava continuar dando aulas no Rio de Janeiro e aqui não havia pistas com a estrutura mínima para alguma atleta sonhar com Jogos Olímpicos. Voltou a competir apenas em 2010, no Four Continents, ao lado das brasileiras Elena Rodrigues e Alessia Baldo (falaremos delas mais tarde) e ficou na 38ª e última posição, com 17.70 pontos na sua apresentação.
Acabou ali o sonho internacional da Simone. Mas se ela não figurou mais em torneios internacionais, segue ativa na patinação artística do Brasil com sua escolinha no Rio de Janeiro e mostrando aos jovens que a modalidade pode ser muito mais do que um simples hobby.
Stacy Perfetti
Stacy em 2009 (Danny Moloshok/Reuters) |
Ela começou a patinar com dez anos, em 2000, na cidade de Nova Jersey, onde morava com a família. Treinada por Robert Daw, fazia 27 horas semanais de treinos para tentar romper barreiras com o Brasil na patinação artística no gelo.
Até 2006 ela alternava a patinação no gelo com a patinação sobre rodas, tendo conquistado dois títulos importantes nessa última modalidade: o Campeonato Anual de Nova Jersey em 2005 e o Garden State Games no ano seguinte.
Mas em 2007 chegou o momento de optar por apenas uma delas e o sonho olímpico falou mais alto. Iniciou a preparação intensiva no gelo e na temporada 2007/2008 competiu numa etapa do Grand Prix Junior na Cidade do Cabo (África do Sul). Foi a 23ª, com uma pontuação total de 80.53 pontos na sua apresentação.
Era a melhor nota de alguma brasileira até então e a animou para encarar as competições adultas. Ainda na temporada 2007/2008 ela disputou o Four Continents, terminando na 30ª posição com 21.97 pontos e na frente de duas competidoras.
Na temporada seguinte ficou na 34ª posição do Four Continents, com 24.44 pontos, atrás da também brasileira Alessia Baldo. Semanas depois, entrou para a história como a primeira representante do Brasil no Mundial Sênior de patinação no gelo. Ficou na 51ª posição, com 25.24 pontos e na frente de duas rivais novamente.
Mesmo evoluindo aos poucos sua nota no programa curto, Stacy se viu num dilema: ou encarava o circuito ou se dedicava aos estudos. Como a grande maioria dos atletas brasileiros, precisou sacrificar sua carreira em busca da estabilidade financeira. Stacy sabia que não seria ela a "brasileira-americana" que chegaria aos Jogos Olímpicos. Mas foi uma das responsáveis em abrir caminho para o sucesso de Isadora.
Muito bacana resgatar a memória das atletas da patinação artística no gelo. Parabéns pela iniciativa! Esperamos que resgate também dos atletas que fizeram história, como Eldo Noronha, Andersom Borges e outros tantos que podem estar esquecidos.
ResponderExcluirOlá Elaine! Obrigado pelas palavras!
ExcluirPara isso, conto com a ajuda de todos os leitores e amigos do Blog! Quem tiver informações sobre os primórdios da patinação artística no gelo no Brasil basta passar no meu e-mail ou sugerir personagens! Estou disposto a contar histórias de quem já se aventurou em esportes de inverno no Brasil!
Abraços!
Ótimo post. Eu só conhecia a Elena e a Alessia.
ResponderExcluirEu queira saber se você tem noticia de que algum patinador irá participar do Mundial desse ano.
Um abraço
Bruno Lopes
Olá Bruno,
ExcluirTeoricamente a Isadora iria competir, mas não sei se houve alguma mudança na agenda de competições dela após Sochi. Aguardo a divulgação da lista oficial para ter certeza.
Abraços
Postar um comentário