A escolhida - Josi Santos

Divulgação/CBDN

Josi Santos adora experimentar algo novo. Foi assim que ela entrou na ginástica, quando tinha apenas cinco anos. Foi assim também que ela atendeu os insistentes pedidos de colegas para realizar a seletiva de esqui aerials em São Roque. E é assim que ela embarca nesta semana para o Canadá, onde ficará cinco meses treinando no novo esporte. 

A ginasta e professora dará lugar a uma novata no esqui livre aerials, uma das modalidades mais arriscadas dos Jogos Olímpicos de Inverno (tão perigosa que conta com um número limitado de atletas do sexo feminino). 

Serão cinco meses de training camps sob supervisão do técnico norte-americano Ryan Snow, contratado pela CBDN para desenvolver essa modalidade nos Jogos de 2018. Mas diante do potencial de Josi e de Lais (veja entrevista abaixo), ele acredita que é possível conquistar uma vaga nos Jogos de Sochi. 

"Acho que foi super tranquilo. Eu e a Lais pudemos desenvolver com o Ryan algumas técnicas usadas no trampolim acrobático, que foi onde ele ficou surpreendido em ver que os acrobáticos para nós duas eram moleza e só precisaríamos nos adaptar ao ski", escreveu Josi com exclusividade ao Blog Brasil Zero Grau. 

Claro que a adaptação ao esqui não será nada fácil. Josi admite que conhecia o esporte apenas em "vídeo-game". Mesmo assim, gostou do que viu. "Minha primeira reação foi abrir a boca e falar, vou me jogar, o esporte é adrenalina pura, é o que tem no meu sangue, e me identifico muito com novos desafios, por isso não hesitei em fazer o teste". 

Mas antes ela estava receosa. Uma amiga a tinha indicado para entrar em contato com a CBDN, mas Josi não queria a responsabilidade de mudar de esporte. Depois, a própria treinadora avisou que entraram em contato com o clube atrás de atletas dispostas a arriscar. "Eu disse, bom, já que está me liberando para eu tentar, eu vou, não tendo ideia de como seria os testes, me arrisquei e fui". 

Reprodução/CBDN

Por isso ficará longe de tudo. Da ginástica, onde começou a praticar aos cinco anos para "descarregar as energias porque era muito espoleta", das aulas de ginástica e de suas pequenas alunas, da família e do namorado.

Não considera uma troca de esportes. "Na ginástica eu já estou bem 'madura' para o esporte. Então não seria uma troca, seria uma escolha de deixar de dar aula de ginástica para poder seguir com os treinamentos de freestyle ski... Seria uma troca justa", afirmou.

Até porque, é através do esqui, e não da ginástica, que Josi pode realizar o sonho maior de qualquer atleta: competir em Jogos Olímpicos. "Será uma temporada de adaptação, conhecimento e quem sabe uma chance de ir para as Olimpíadas, na qual na ginastica eu nunca tive. Espero me dedicar, dar o melhor de mim e concentrar nos treinamentos. Espero que todo esse esforço seja compensado lá na frente".

Lá na frente não é possível saber, mas hoje já compensa. A atleta já entra na história por ser a primeira competidora de esqui aerials no país. Não é nada fácil ser pioneira, ou "cobaia", como alguns amigos se referiram à Josi. 

"Nunca se sabe, mas só de estar sendo a primeira atleta já sei que nosso nome fará história e que assim possamos abrir portas para muitas outras atletas, ex-ginastas, etc... Espero que seja bem divulgado, pois é um esporte lindo de ser visto e que com certeza ira trazer muitos olhares curiosos e quem sabe assim um bom patrocínio".

Aprendendo a esquiar com Ryan Snow (Divulgação/CBDN)