Ídolos

Não são os títulos, os resultados, os prêmios e os holofotes que fazem um atleta virar ídolo de uma determinada sociedade. Tampouco são os fãs "casuais", o rostinho bonito, o corpo ideal e aparição em programas de televisão. O que então faz um atleta se tornar um ídolo? 

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A pergunta, claro, não é fácil de ser respondida. Ainda mais numa época onde antigos ídolos veem suas reputações caírem como castelos de areias no meio de uma tempestade. Quem é ídolo hoje pode ser pego na mentira amanhã. Quem é o exemplo agora, pode se tornar no mau caráter do futuro. 

Isadora (Reprodução/Facebook)
Os fãs, torcedores, imprensa especializada e colegas de modalidade não procuram os super-homens ou mulheres que buscam o resultado de qualquer maneira. Estes são meros caçadores de medalhas. O que queremos, no fundo, é ver atletas que possam nos representar. Seja nas virtudes, seja nas suas fraquezas. 

Claro que as vitórias são importantes, os títulos são importantes e as medalhas são importantes. O resultado ajuda, com certeza, mas não faz dos atletas ídolos nacionais. Somente a luta, o esforço e a dedicação tem esse poder transformador, independente da posição que ele termina. 

Por isso que lembramos até hoje da suíça Gabriela Andersen completando a maratona feminina dos Jogos Olímpicos de 1984. Ela virou ídolo e símbolo de luta e determinação. Alguém aqui se lembra da vencedora dessa prova? 

Pois olhe para a disputa do Mundial Senior de Patinação Artística no gelo, realizado em London, Canadá, durante esta semana. No programa feminino temos quatro canadenses, duas francesas, duas alemãs, quatro italianas, cinco japonesas, três coreanas, seis russas, cinco norte-americanas e uma brasileira. 

Isso mesmo que você leu. Uma brasileira de 17 anos chamada Isadora Williams, que nasceu nos Estados Unidos mas possui a mãe brasileira e resolveu competir pelo país materno. Não vou me alongar sobre o currículo dela, pois você pode ler no post abaixo. Quero que atente apenas na classificação do programa curto, que definiu as vagas para a final no programa longo e também para os Jogos Olímpicos de Inverno no ano que vem. 

De 35 atletas qual o resultado esperado para uma atleta que nem patrocinadores possui? As últimas posições, certo? Pois saiba que essa brasileira conseguiu 46.63 pontos totais no segmento, sua melhor marca da temporada (sendo 26.14 no elemento técnico e 20.49 nos componentes do programa), e terminou na 25ª posição, apenas uma da inédita vaga olímpica. 

"Ah, mas ela morreu na praia como qualquer atleta brasileiro", poderá dizer alguns que desconhecem os treinamentos pesados da patinação artística. Mas aí pergunto: qual a diferença dela de Yuna Kim, coreana que terminou na liderança do programa curto com 69.97 pontos?

Yuna Kim fez algo que já se esperava dela e que muitas outras coreanas terão a oportunidade de fazer. Isadora não. Isadora simplesmente escreveu um belo capítulo da história olímpica do Brasil. Ela mostrou a esse país tropical toda a beleza e a dureza da patinação artística e de que sonhos são possíveis sim! 

Ela fez com que uma pequena parcela de fãs, jornalistas e admiradores parassem na tarde desta quinta-feira para acompanharem sua exibição e torcerem, aflitos, a cada apresentação das adversárias. Já imaginou o que é torcer para uma atleta no Mundial de patinação artística no gelo numa tarde de quinta-feira? Pois é, contagia mesmo. 

A vaga olímpica não veio, ainda. Isadora terá mais uma chance na repescagem que acontece em setembro, na Alemanha. Serão as últimas seis vagas em disputa. Até lá a ordem para ela é manter firme o treinamento. E ter sempre a certeza de que ela honrou e elevou o nome do Brasil como a muito não se via. É disso que os verdadeiros ídolos são feitos. Obrigado, Isadora!

Assista abaixo a apresentação de Isadora no Mundial de Patinação Artística. Ela fez por merecer a vaga olímpica:

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