Leandro compete nos Jogos de Vancouver, em 2010 (Reprodução/Facebook) |
Como de praxe no Blog Brasil Zero Grau, publico agora os melhores trechos da entrevista com o esquiador Leandro Ribela. A conversa foi feita numa troca de e-mails e Leandro, sempre solícito, arrumou espaço na sua agenda para responder as perguntas. E arrumar tempo não é figura de linguagem. Com 19 provas em 15 fins de semana, além da viagem, adaptação e rotina de treinos, é claro que tempo livre é o que mais faltará para ele nesta temporada pré-olímpica.
Blog - Qual sua expectativa para esta nova temporada do hemisfério norte? Tem algum objetivo específico?
Leandro - O
objetivo é obter o índice B olímpico já nesta temporada, tanto para a
prova de 15km Clássico, quanto para a prova de Sprint Freestyle.
Onde será sua base de treinamentos aí na Europa?
Fico
os primeiros 30 dias na Suécia onde poderei trabalhar a parte técnica
com nosso treinador sueco Mattias Nilsson. Depois vou para a Europa
Central, onde farei provas na Austria, Alemanha, Suiça, Eslovenia e
Italia. Serão 19 provas em 15 semanas, então você vira meio nomade, sua
base é o carro pois a cada semana tenho que mudar de local para uma nova
competição.
Esta temporada terá os campeonatos mundiais de cross country e
biatlo. Quais seus objetivos? O Brasil enviará representantes?
Sim,
o Brasil terá representantes tanto no mundial de cross country quanto
no de Biathlon,porém ainda não sei quantos pois a classificação
acontecerá até janeiro 2013. Eu já obtive o índice para o mundial de
Cross Country em Val di Fiemme, na Itália e meu objetivo obter o minha
melhor marca em mundiais e bater o recorde brasileiro em provas de
distancia em mundiais. Esse é o único recorde brasileiro que não é meu no
momento, por isso me da uma motivação a mais colocar isto como
objetivo.
Como foi a preparação para este ano pré-olímpico? Considera que foi
melhor do que a da véspera dos Jogos de Vancouver, em 2010?
Difícil
dizer se foi melhor ou pior que Vancouver 2010, pois meus objetivos
para Sochi 2014 são diferentes. Para Vancouver a classificação no cross
country veio naturalmente, já que eu estava mais focado no biathlon até
então. Para Sochi tenho um objetivo diferente que é tentar a vaga também
na prova de Sprint, então meu treinamento mudou bastante. Evolui
bastante em alguns aspectos técnicos, amadureci bastante no aspecto
psicológico, fiquei mais experiente no treinamento e aprendi a
identificar os caminhos mais curtos para chegar ao meu objetivo. Essa
temporada agora vai mostrar se consegui absorver e colocar em pratica
tudo que venho
trabalhando.
Qual a importância de se ter um centro de treinamento como o Parque Damha, em São Carlos?
O
rollerski é uma ferramenta de treinamento fundamental para qualquer
equipe de cross country ou biathlon no treinamento durante o verão. Na
Europa e EUA as equipes treinam muito com o rollerski nas estradas e
pistas de cross country (muitas delas são de asfalto por baixo para ser
usadas no verão com o rollerski). Essa é uma fase do treinamento que
podemos reproduzir quase inteiramente no Brasil, então a parceria com o
Parque Damha foi fundamental neste aspecto,
proporcionando a nossa equipe um ambiente espetacular para a prática do
rollerski. Lá conseguimos treinar com qualidade, e segurança, num
circuito exigente.
Naquela oportunidade você dividia sua atenção entre o cross-country e
o biatlo. Vai focar em apenas uma modalidade dessa vez? Qual e por quê?
Sim.
Desta vez estou focado no cross country. Se tornou muito desgastante
competir em duas modalidades distintas. Embora seja possível treinar
ambas em conjunto de forma que se tornem complementares, competir em 2
circuitos distintos não é facil pois você acaba dobrando o número de
competições, o deslocamento para as provas e etc … então preferi focar
no cross country para Sochi 2014 embora confesse que sinto uma saudades
enorme do Biathlon.
Como você vê a preparação brasileira para os Jogos Olímpicos de Sochi
num modo geral? Acredita que poderemos ter mais representantes?
Acho
que a estrutura dada aos atletas melhorou bastante para Sochi 2014 em
relação a Vancouver 2010. Investiu-se bastante nas equipes
multidisciplinares para dar mais apoio aos atletas em diversas áreas.
Isso sem dúvida contribuiu bastante para a preparação dos atletas. No
caso do cross country até 2010 ainda estávamos desbravando muita coisa,
então a experiencia que adquirimos no ciclo olímpico passado também
contribuiu bastante para melhorar a preparação neste ciclo.
Acredito
sim que poderemos ter mais representates em Sochi que em Vancouver,
principalmente se o biathlon e o freestyle skiing conseguirem uma vaga.
Dê mais detalhes desse projeto social com o roller ski que você faz em São Paulo. Quando surgiu e qual o público alvo?
O
projeto começou há 4 meses, fruto de uma parceria minha com a
Assessoria Esportiva Sportplan e CBDN. Hoje o projeto tem 4 adolescentes
de 15 a 18 anos que moram na São Remo, comunidade localizada ao lado da
USP. Os treinos de rollerski são realizados aos sábados na USP e os
meninos treinam a parte física 2 vezes por semana sob orientação do
Alexandre Oliveira da Sportplan. Para o ano que vem pretendemos ampliar
as atividades, abrindo 4 a 6 novas vagas para garotos de 13 a 15 anos. Apesar
de ser um projeto de inclusão social pelo esporte, queremos aos poucos
torná-lo multidisciplinar e incluir
outras atividades educacionais, sociais e culturais Nesses 4 meses
realizamos 2 viagens de 3 dias para treinamento em São Carlos, visitamos
o museu de aviação da TAM e outras atividades sociais.
Embora
o objetivo principal do projeto não seja formar skiadores, pretendemos
levar para a neve aqueles que se destacarem. Se tudo der certo, em Julho
ou Agosto já poderemos disfrutar desta primeira experiencia.
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